A Jornada Inspiradora de Naísa Batista
O Novembro Negro, além de ser um momento de celebração e valorização da cultura afro-brasileira, é também um espaço de reflexão sobre as desigualdades e o preconceito racial que ainda afetam profundamente a sociedade. Este mês, o INCAvoluntário tem a honra de contar a história de Naísa Batista, supervisora das unidades do INCAvoluntário no INCA III e IV. Mulher negra e a primeira de sua família a obter um diploma universitário, Naísa compartilha um relato inspirador sobre sua trajetória e o orgulho que sente de suas raízes.
Naísa conta que a educação superior foi uma conquista pessoal e coletiva, sendo a primeira pessoa da sua família a concluir um ensino superior, ela reflete sobre a história da sua própria mãe e o esforço necessário que a mesma teve para que a filha pudesse concluir os estudos. “Mãe solteira, ela sempre trabalhou para sustentar a mim e a minha irmã. Migramos da escola pública para a privada graças a seu ofício como agente de reabilitação. Ela, minha madrinha, Edna, e minha avó Abadia, já falecida, sempre foram guerreiras e comprometidas com a luta do nosso povo”, diz ela.
A Importância do Dia da Consciência Negra e a Luta Antirracista
No Brasil, o dia 20 de novembro é um marco da resistência negra, celebrado em homenagem a Zumbi dos Palmares, um dos maiores líderes do Quilombo dos Palmares. Zumbi representa a luta histórica contra a opressão e a busca pela liberdade dos negros escravizados. ‘’Em meio a tantas celebrações desse período do ano, em que a dor e a resistência do povo negro ganham mais visibilidade, percebi o quanto precisamos resgatar o passado e nos reconectar com a história, a cultura, com as nossas raízes’’, afirma Naísa.
A data transcende o resgate da memória histórica ao provocar discussões sobre o racismo estrutural e os desafios que a sociedade enfrenta para desconstruir as barreiras de discriminação ainda presentes. No campo da saúde, as desigualdades raciais se manifestam nas dificuldades de acesso e na falta de acolhimento adequado. Por isso, iniciativas como o Novembro Negro são tão importantes no que diz respeito a promover a conscientização e impulsionar ações que visem transformar o atendimento à população negra, garantindo maior equidade e respeito.
A Campanha “Saúde Sem Racismo” nos Hospitais Federais
Em 2024, o Ministério da Saúde deu um importante passo na promoção da equidade racial com a campanha “Saúde Sem Racismo”, voltada para os hospitais federais do Rio de Janeiro. O objetivo da campanha é transformar o ambiente hospitalar, tornando-o mais inclusivo e livre de discriminação racial, com foco na melhoria do acolhimento à população negra dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). Parte essencial dessa iniciativa é o treinamento das equipes de saúde e a conscientização sobre as práticas discriminatórias que ainda permeiam o atendimento. Essa ação está alinhada à Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), que visa promover a equidade e fortalecer os princípios de acesso e qualidade no atendimento à saúde.
No contexto desse mês da Consciência Negra, a campanha também conta com atividades de destaque, como a exposição ‘Sorriso Negro’, que aconteceu no dia 11 de novembro. A exposição reúne fotografias de trabalhadores negros de diferentes órgãos do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, incluindo funcionários do INCA. Naísa, representando o INCAvoluntário, também teve a honra de ser retratada na exposição, como parte de um projeto que visa destacar a importância da representatividade negra nas instituições de saúde e o compromisso com a luta contra o racismo no ambiente hospitalar.
‘’Hoje, comemoro a conquista de representar o INCAvoluntário, a área de ações sociais do INCA, há mais de cinco anos. É uma sensação de empoderamento, especialmente porque me relaciono com outras lideranças negras no meu local de trabalho’’, compartilha Naísa.
Essa combinação de ações destaca a relevância do Novembro Negro mas também como um momento de transformação concreta, promovendo o acolhimento e a inclusão das pessoas negras em todas as esferas, incluindo a saúde.
Em Busca de um Futuro Mais Igualitário
O Novembro Negro dentro do INCAvoluntário é uma oportunidade para reafirmar o compromisso com uma sociedade mais justa e inclusiva, onde a saúde seja um direito para todos, sem interferência de preconceitos raciais. Naísa acredita que esse é um momento de grande importância, especialmente em sua posição, onde tem a chance de representar e lutar pela igualdade no atendimento hospitalar.
A campanha antirracista e os relatos como o de Naísa ressaltam o papel transformador do Novembro Negro, tanto para a conscientização pública quanto para a prática cotidiana dentro dos hospitais federais. ‘’Nós, negros, não devemos mais silenciar. Temos que colocar o dedo na ferida e cuidar de machucados que, por séculos, foram negligenciados. Também temos que acelerar a ocupação dos espaços a que todas as pessoas têm direito, seja qual for a cor de sua pele. Nossa missão é, ainda, transmitir essa consciência e força às futuras gerações”.
A história de Naísa é um exemplo de luta e determinação, e sua trajetória continua a inspirar e abrir caminhos para que as futuras gerações encontrem um sistema de saúde mais inclusivo e igualitário. Que a iniciativa do Novembro Negro seja o começo de um novo tempo, e que a saúde sem racismo se torne uma realidade para as gerações futuras. A história de Naísa, contada por si mesma, pode ser lida também aqui.